Eu, mulher, mãe, confesso que ando muito assustada com esse aumento de crime contra a mulher, o chamado feminicídio. É claro que para quem está de fora criticar ou dar opinião é muito fácil. Difícil é lidar com ela de dentro.
Sem palavras para escrever, achei melhor buscar essa informação direto da fonte. Fui conversar com mulheres e tentar descobrir por que isso está acontecendo. Então, vamos lá.
É importante dizer que não foi fácil, porque muitos são os motivos, mas a coisa mais importante que descobri foi: todas sentem MEDO. Medo de várias formas, medo de perder, medo de não conseguir sustentar os filhos, medo de denunciar e a situação piorar, medo de ficar sozinha, medo de morrer.
Além do medo, a AUTO ESTIMA acaba ficando muito baixa. Essas mulheres já sofreram tanto que não conseguem reagir, se sentem coagidas, diminuídas, fracas ou até mesmo acomodadas.
E para finalizar a lista de razões para continuar na situação abusiva vem o sentimento de ESPERANÇA. Quase quase todas têm certeza que o parceiro vai mudar. É um amor ilusório, que a faz acreditar que um simples carinho significa que ele a ama e por isso não vai mais agredi-la.
Mero engano; eles não mudam, continuam agredindo, muitas vezes acabam matando a própria companheira. E é o resultado dessa relação que chamamos de feminicídio: o homicídio de mulheres motivado por violência doméstica ou discriminação de gênero. Basicamente, o homem acha que tem poder sobre a mulher, tanto poder que acredita inclusive que pode decidir quando ela deve deixar de viver.
Todas nós mulheres, apaixonadas ou não, temos uma sensibilidade muito afiada. Logo no início do relacionamento já percebemos sinais de que algo não está certo, pode ser uma resposta atravessada, um xingamento, um desrespeito, uma desculpa esfarrapada. O problema é que não levamos em conta essas pequenos sinais, achamos normal. Aí está o perigo.
Normalmente, as agressões começam verbalmente. Prestem atenção! Qualquer sinal de falta de respeito não deve ser tolerado! O primeiro passo para lidar com isso é conversar e estipular seu limite.
É necessário colocar limite na primeira vez que ele desrespeitar você, caso contrário vira um um ciclo vicioso, e ele nunca mais vai parar. Se mesmo assim a agressão verbal se repetir, largue! Melhor ficar sozinha.
Tudo isso deve acontecer antes de você se apaixonar. Depois disso, fica mais difícil tomar decisão. Aja antes! E se você já está vivendo um relacionamento conturbado, pare e analise até que ponto vale a pena continuar.
Você consegue ficar sozinha, sim! Você é capaz, sim! Tome a decisão, você é forte! Tem muita gente boa lá fora. Procure ajuda, vá até a polícia. Denuncie sem dó, e se denunciar, não volte atrás, pois se voltar certamente ele vai te agredir novamente. Não acredite na cara de bonzinho.
Mulheres, acordem! Chega de apanhar. Chega de morrer. Vamos nos proteger e proteger nossos filhos. A denúncia desses casos é muito importante para que não se repitam. E, caso a polícia não tome providências, procure na sua cidade uma ONG de proteção às mulheres.
Que fique claro que esse texto foi escrito por uma mulher, mãe, que já teve uma filha agredida por um homem covarde.
Selma Rodrigues